quarta-feira, 9 de maio de 2012

Discurso Contra a Anencefalia

       É certo que toda a vida é uma dádiva sagrada e não se pode contestar a veracidade de tal afirmação. As pessoas mais sábias aprendem sempre algo quando adoecem: Aprendem a louvar a saúde e recebem a compreensão do valor de uma existência saudável e plena. A convalescença nestes casos é acompanhada de uma renovação de ânimo e de uma indescritível alegria de viver, todas as coisas belas afiguram-se ainda mais belas, tudo é mais claro; o bem e o mal são melhor compreendidos.
   "As grandes doenças da alma, bem como as do corpo, renovam o homem; e as convalescenças espirituais não são menos agradáveis nem menos miraculosas do que as físicas." (d’Annunzio, em “O inocente”)
            Mas e quanto aqueles que padecem de doenças incuráveis e extremamente dolorosas? Qual será o testemunho plausível? Mesmo as pessoas mais fortes e sábias sob tais condições, cedo ou tarde acabam por “quebrar” quando a doença arrasta-se por meses a fio e o definhar galopante não se detém em seu trote destruidor. O milagre depende de muitos factores que não estão de todo ligados à religiosidade, pois se assim fosse, a maioria dos praticantes dos cultos dogmáticos jamais adoeceriam ou morreriam e teríamos centenas de milhões de matusaléns a caminhar debaixo do sol.
            Mesmo com toda ajuda e carinho dos entes queridos, fatalmente chegará o momento em que o doente, já no limiar da lucidez dirá a si próprio: - Não faz mais sentido, já não quero continuar! E é aí que um direito humano lhe é negado: O direito de morrer com dignidade enquanto a mente ainda mantém a lucidez e o indivíduo ainda não foi esmagado pelo peso do sofrimento.
            Os dogmáticos objetarão com frases feitas como: “O ser humano não tem o direito de tirar a própria vida”,“Deus é o único que pode decidir” e coisas do gênero. Para essas pessoas “bondosas” só posso desejar uma morte tranqüila e rápida. Aqui, mais uma vez estes "pios" precursores da modernidade agem como verdadeiros vilões e difamadores da vida saudável, pois desejam “salvar” as próprias almas do inferno às custas do sofrimento alheio, mesmo quando sabem (ou desconfiam) que tal sofrimento é inútil e não tem o valor edificador de outras formas de sofrimento, pois não é possível vencê-lo e supera-lo em vida. Um “teatro” de fantoches desprezível e desnecessário.
            De igual forma, desprezíveis, são estes “piedosos” militantes que se dizem contrários ao aborto de fetos anencéfalos. Um feto anencéfalo é um ultraje à plenitude da vida, um erro da natureza. Mesmo tratando-se funcionalmente de um ser vivente, quem poderá atribuir um “espírito” a uma destas criaturas? Os sentimentos que tais seres devem despertar num indivíduo piedoso e saudável, não são a piedade e a compaixão, mas a repulsa e o desprezo.                                
   Permitir que nasça ou tentar extender o tempo de vida de um anencéfalo é uma autoflagelação imoral e inútil com pretexto de piedade. Uma crueldade que só pode partir de pessoas com transtornos mentais, que são afeitas a tudo o que é bizarro, vil e ultrajante. Tais indivíduos são anencéfalos por afinidade. 

nota: O autor do texto é contra o aborto de crianças saudáveis.

ATENÇÃO, IMAGENS FORTES:

1 comentário:

  1. Os espartanos sabiam bem como lidar com essas situações.

    NC

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Exo tes thyras ouden