sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Trégua - La Tregua, Gabriele d'Annunzio - Alcyone

    Gabriele d'Annunzio (1863-1938)



    Déspota, andamos e combatemos sempre  
Fiéis ao teu comando.
Vê que os braços e pulsos
São de boa têmpera!

Ó magnânimo Déspota concede
Ao bom combatente a sombra dos louros
Que ele sinta a relva debaixo dos pés descalços

Que consagre seu belo cavalo zaino
À força de Fiume e em sua aurora
Conheça a alegria do centauro

Ó Déspota, ele será ainda jovem!
Dá-lhe as margens e bosques e prados e montes e céus
E ele será ainda jovem

Purificados de todo o fedor humano em gélidas fontes,
Ele demandará pela sua celebração
Apenas o anel dos últimos horizontes

Os ventos e raios teceram a veste nova
 E a carne livre de todo o mal
Entrou em marcha ligeira e destra

Tu o sabes: por te obedecer ó Triunfal,
Fomos por muito tempo a hoste, sim,
Francos e duros; Nem o coração perguntou jamais - O que isto vale?

Desesperado por vencer; nem cansaço jamais aparentamos,
 Nem nunca tristes ou incertos
Pois a tua vontade envolvia-nos os flancos

Oh Mestre, tu sabes: Foi para aprazer-te.
Mas era pungente o fedor humano
 E vil o derredor como rebanhos inertes

E a turba formava uma quimera
Opaca e obesa que tresandava
Sim, que foi culminar no abafar da gorgeia

Os aspectos da Vida e da Morte
Em vão reluziam sua carniça densa
E os enigmas da obscura sorte

Não havia pão para aquela desprezível fome
A beleza terrível, onde o derradeiro bruto
Berrava irado sobre seu estrame.

Pura, alegre maravilha, se algum dardo
Todo d’Ouro lhe pousar directo no precórdio,
Oh o seu frémito galhardo!

E tu disseste a nós: “Aquilo que é divino
Despertar-se-á no fadigoso monstro.
Afixai na testa o seu novo destino

E nós perseverámos, com o nosso coração ardente,
Para aprazer-te, ó Imperador;
E de si, nós não pudemos ter garras nem bico.

Mas me surge por meio de contido ardor
A veia inextinguível e alegre
Do riso que soou como um clangor

E para cada injúria da besta imunda
Escorria mais vivo e mais puro
Tal cristal d’Alma profunda

Erma alegria! Afinal o escravo abjecto
Desvaneceu-se com a mica do convite
De longe ladrava rouco a seu despeito

E o desleal proxeneta, putrefacto
No seu vício, do beco lúbrico
Com ojeriza nos apontava o dedo.

      Oh Déspota, tu dás este conforto               
Ao coração valente que ao ultraje elogia
E à preocupação da virtude considera um erro.

E nesta solidão se desfruta
Sentindo-se como inexausta fonte
Dedica a obra ao tempo; e isto não ouve.

Admoestaste o aluno: “Se há mão pronta,
Não escolhas os vermes no esterco
Mas as gargantas das serpentes de Laocoonte”

E ele seguiu a primeira admoestação;
Permaneceu fiel aos teus mandamentos;
E atento ao teu sinal foi às alturas e às profundezas

Déspota, ora tu concede-lhes o alento
Ao nervo e abandona-lhes os ébrios espíritos
À voraz melodia do vento

Muito se trabalhou por obedecer-te
Discursai aos seus heróis nos prados das abróteas
Ou escutai os faunos a rirem-se entre os mirtos

O Verão a arder desnudo pelo meio do céu. 


 **


Dèspota, andammo e combattemmo, sempre
fedeli al tuo comandamento. Vedi
che l'armi e i polsi eran di buone tempre.

O magnanimo Dèspota, concedi
al buon combattitor l'ombra del lauro,
ch'ei senta l'erba sotto i nudi piedi,

ch'ei consacri il suo bel cavallo sauro
alla forza dei Fiumi e in su l'aurora
ei conosca la gioia del Centauro.

O Dèspota, ei sarà giovine ancóra!
Dàgli le rive i boschi i prati i monti
i cieli, ed ei sarà giovine ancóra

Deterso d'ogni umano lezzo in fonti
gelidi, ei chiederà per la sua festa
sol l'anello degli ultimi orizzonti

I vènti e i raggi tesseran la vesta
nova, e la carne scevra d'ogni male
éntrovi balzerà leggera e presta.

Tu 'l sai: per t'obbedire, o Trionfale,
sí lungamente fummo a oste, franchi
e duri; né il cor disse mai "Che vale?"

disperato di vincere; né stanchi
mai apparimmo, né mai tristi o incerti,
ché il tuo volere ci fasciava i fianchi.

O Maestro, tu 'l sai: fu per piacerti.
Ma greve era l'umano lezzo ed era
vile talor come di mandre inerti;

e la turba faceva una Chimera
opaca e obesa che putiva forte
sí che stretta era all'afa la gorgiera.

Gli aspetti della Vita e della Morte
invano balenavan sul carname
folto, e gli enimmi dell'oscura sorte.

Non era pane a quella bassa fame
la bellezza terribile; onde il tardo
bruto mugghiava irato sul suo strame.

Pur, lieta maraviglia, se alcun dardo
tutt'oro gli giungea diritto insino
ai precordii, oh il suo fremito gagliardo!

E tu dicevi in noi: "Quel ch'è divino
si sveglierà nel faticoso mostro.
Bàttigli in fronte il novo suo destino".

E noi perseverammo, col cuor nostro
ardente, per piacerti, o Imperatore;
e su noi non potè ugna nè rostro.

Ma ne sorse per mezzo al chiuso ardore
la vena inestinguibile e gioconda
del riso, che sonò come clangore.

E ad ogni ingiuria della bestia immonda
scaturiva più vivido e più schietto
tal cristallo dall'anima profonda.

Erma allegrezza! Fin lo schiavo abietto,
sfumato con le miche del convito,
lungi rauco latrava il suo dispetto;

e l'obliqio lenone, imputridito
nel vizio suo, dal lubrico angiporto
con abominio ci segnava a dito.

O Dèspota, tu dài questo conforto
al cuor possente, cui l'oltraggio èlode
e assillo di virtù ricever torto.

Ei nella solitudine si gode
sentendo sé come inesausto fonte
Dedica l'opre al Tempo; e ciò non ode.

Ammonisti l'alunno: "Se hai man pronte,
non iscegliere i vermini nel fimo
ma strozza i serpi di Laocoonte".

Ed ei seguì l'ammonimento primo;
restò fedele ai tuoi comandamenti;
fiso fu ne' tuoi segni a sommo e ad imo.

Dèspota, or tu concedigli che allenti
il nervo ed abbandoni gli ebri spirti
alle voraci melodíe dei vènti!

Assai si travagliò per obbedirti.
Scorse gli Eroi su i prati d'asfodelo.
Or ode i Fauni ridere tra i mirti.

l'Estate ignuda ardendo a mezzo il cielo.

***  
Rudemente traduzido por A. Damasceno
 

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Exo tes thyras ouden