Quando o mestre entrava em sala de aula, era como se naquele momento a própria encarnação da sabedoria e autoridade se fizesse presente. Os alunos, muitos deles filhos de pais analfabetos, sabiam o porquê de lá estarem, sabiam que a educação era um luxo. Sabiam que o professor estava ali para oferecer uma riqueza que jamais ninguém lhes poderia tirar e uma mais-valia que tornava-os plenos cidadãos. O professor tinha não só o direito, mas o dever de se fazer respeitar. Era fundamental que os conceitos de hierarquia e autoridade fossem aprendidos antes de qualquer disciplina e acima de qualquer matéria; a ciência mais importante de todas, que em tudo reproduzia (ou deveria reproduzir) a vida em sociedade: A necessária arte de recompensar os bons e punir os maus.
Quando se fala aqui em bons e maus, é preciso afastar qualquer conceptuação maniqueísta e efeminada. O bom aluno, independente do estatuto social de seus pais era o representante da humanidade superior em tudo o que isto implicava: Empenho, responsabilidade, inteligência, raciocínio rápido, altivez e etc. Já o mau aluno era o representante do homem comum - acomodação, displicência, lentidão de raciocínio, baixo intelecto, má vontade para com o corpo docente e para o aprendizado – Tudo aquilo o que tradicionalmente caracteriza o “hoi polloi”.
Em alguns países, a palmatória - herança dos jesuítas - era uma importante ferramenta de ensino. Seu uso, longe de ser arbitrário, era na maioria dos casos útil para estabelecer a ordem, punir e envergonhar os maus. A prática mais comum era os bons alunos (e não os mestres como se crê vulgarmente) aplicarem a punição aos maus alunos numa espécie de “bullying” instituído pelo sistema pedagógico. Nos dias de hoje, consta que no Japão ainda é exercida esta forma de “bullying” de forma natural, por iniciativa dos próprios alunos mas ao contrário do mundo ocidental contemporâneo, lá são os bons que punem os maus, como é útil e necessário.
Em alguns países, a palmatória - herança dos jesuítas - era uma importante ferramenta de ensino. Seu uso, longe de ser arbitrário, era na maioria dos casos útil para estabelecer a ordem, punir e envergonhar os maus. A prática mais comum era os bons alunos (e não os mestres como se crê vulgarmente) aplicarem a punição aos maus alunos numa espécie de “bullying” instituído pelo sistema pedagógico. Nos dias de hoje, consta que no Japão ainda é exercida esta forma de “bullying” de forma natural, por iniciativa dos próprios alunos mas ao contrário do mundo ocidental contemporâneo, lá são os bons que punem os maus, como é útil e necessário.
Na maioria dos países ocidentais, a subversão dos valores alcançou níveis jamais vistos, de modo que os professores são vítimas de desacatos e mesmo agressões de seus próprios alunos, quando não são vítimas dos pais dos mesmos.
Chegou-me ao conhecimento um facto recentemente ocorrido no sul do Brasil, de uma professora que impediu que uma menina de sete anos tivesse os cabelos queimados por um rapaz de doze e que acabou por ser agredida em plena sala de aula pela mãe e a irmã do aluno. Em Portugal uma professora foi agredida também em sala de aula por um casal de ciganos, pais de dois alunos numa escola básica em Sesimbra (sim, ciganos, que por tradição são uma raça de analfabetos e párias). Em Inglaterra mais de um terço (39%) dos professores foram vítimas de agressões verbais e ¼ já sofreram agressões físicas. Em Espanha, apenas na região da Andaluzia entre 2008 e 2010 registaram-se mais de 136 casos de professores agredidos em exercício de suas funções.
“Inicialmente valorizado “como um juiz”, o professor, paulatinamente, viu-se destituído de seu status, assistindo a toda esta deterioração sem capacidade de reação, tão incisiva é a presença do discurso oficial na sociedade. Hoje, constatamos a “[...] notória falta de poder e de obediência que a figura do professor inspira. Os casos que conhecemos, na escola pública e privada, são de uma total falta de respeito pelo professor, vítima de sua falta de autoridade.” (SARDINHA, Tony. Metáfora. São Paulo: Parábola Editora, 2007)
Estive recentemente a debater o assunto entre amigos e um deles, pusilânime “profissional” perguntou-me com a superficialidade que lhe é peculiar: - Gostavas que algum professor batesse em suas crianças? – Ao que respondi – Sim meu caro, se fosse indispensável para incutir-lhes disciplina onde eu porventura venha a falhar, porque não? Mais vale apanhar de professores hoje do que da polícia amanhã…
Nos tempos em que estudar era um grande privilégio para os pobres, não havia tantos casos de agressão a professores. Nos tempos em que a palmatória era um recurso instituído, ela raramente precisava ser empregue (com excepção de casos patológicos de masoquismo), pois os alunos tinham mais vergonha de apanhar do que medo da dor… Hoje já não há vergonha nem palmatória e isto é o reflexo de um sistema que alimenta-se da ilusão vergonhosa de que é possível e desejável que a autoridade seja exercida de baixo para cima. Estes casos de pais que agridem docentes - um fenômeno mundial - apenas demonstram que a abolição do uso da palmatória foi um erro.
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